segunda-feira, 24 de junho de 2013

O ÁLCOOL NO PERÍODO GESTACIONAL




Fonte: http://saude.culturamix.com/noticias/impactos-do-consumo-de-alcool-na-gestacao

Por Jorge Roberto Fragoso Lins*

O uso de bebidas alcoólicas durante a gestação será bastante nocivo para a mãe e o bebê, não existindo uma dosagem mínima pré-estabelecida que possa ser permitida que não acarrete danos para o desenvolvimento do feto. O álcool é uma substância com livre acesso a placenta e, consequentemente, ao feto. O fígado do feto que está em plena formação irá metabolizar o álcool duas vezes mais lento do que o fígado da gestante, significando que o álcool ficará por mais tempo no frágil organismo do feto. Os danos ao feto e a própria gestação que poderá ser interrompida por um aborto espontâneo ou mesmo por um trabalho de parto prematuro são riscos bem presentes. Quanto à incidência de abortos espontâneos os números quase dobram quando a gestante consome álcool.  Os danos causados no feto a depender da fase gestacional e da dosagem que é ingerida de álcool são diversos que poderão advir desde problemas hepáticos, neurológicos com retardo mental, problemas de coordenação motora, atraso no crescimento e problemas de comportamento.  A insistência por parte da gestante em consumir bebida alcoólica poderá acarretar na síndrome do alcoolismo fetal. Segundo a Organização Mundial da Saúde, estima-se que no mundo 12 mil bebês nasçam a cada ano com a síndrome, ou seja, 2,2 de cada mil nascimentos vivos.

A síndrome do alcoolismo fetal é irreversível, sendo o ônus que o indivíduo pagará para o resto de sua vida. A síndrome é a consequência do consumo de álcool durante a gravidez. Ela é caracterizada pelo retardo no crescimento intra-uterino, retardo do desenvolvimento neuropsicomotor e intelectual, distúrbios do comportamento (irritabilidade e hiperatividade durante a infância), diminuição do tamanho do crânio (microcefalia), malformações da face como nariz curto, lábio superior fino e mandíbula pequena, pés tortos, malformações cardíacas, maior sensibilidade a infecções e maior taxa de mortalidade neonatal.

Poderá acontecer que o bebê ao nascer não apresente nenhuma característica da síndrome, como por exemplo, algum defeito físico, e que alguns sintomas não sejam claramente observados até que a criança complete 3 a 4 anos de idade. O peso de um bebê que foi exposto ao álcool é de aproximadamente 2 quilos no momento de seu nascimento. Já o bebê que não foi exposto e é saudável em média nasce com 3, 5 quilos. Com o desenvolvimento da criança outros prejuízos vão sendo observados como memória fraca, falta de concentração, raciocínio fraco e incapacidade de aprender com a experiência. Não necessariamente essa ou aquela exposição do feto ao álcool assinalará cem por cento de chance de contrair a síndrome ou qualquer tipo de prejuízo, mas por outro lado como já dissemos não existe também níveis seguros de consumo que garanta a isenção.

Na maioria dos bebês que foi prejudicado antes de seu nascimento poderá não ocorrer às anomalias faciais e a deficiência do crescimento próprias da síndrome. No entanto, os fetos que foram expostos ao álcool portam danos cerebrais significativos ou mesmo comprometimentos que se assemelham aos da síndrome. A evitação ao consumo não deve se restringir apenas na gestação, mas durante todo o período de amamentação, isso porque o álcool pode passar para o bebê através do leite materno. É comum ouvir por parte de algumas mulheres que um simples drinque não faz nenhum mal. Um grande engano pensar de tal maneira. O álcool logo que é ingerido segue rapidamente para a corrente sanguínea da mãe, atuando sobre a criança logo após 10 minutos. Isso representa que o álcool consumido pela mãe lactante será ingerido pelo bebê.

A presença do álcool na gestação poderá ter como causa o impacto que muitas mulheres sofrem de estarem grávidas e gerando uma vida. Algumas mulheres são pegas de surpresa com a gravidez não estando preparadas emocionalmente e nem tampouco psicologicamente para assumir esse lugar de mãe. Muitas ainda vivem os mimos da mãe e do pai e a gravidez representa uma realidade extremamente nova e porque não dizer assustadora. A gravidez resulta para a mulher não apenas em um momento novo e delicado que ela irá aprender a lidar da melhor forma possível, encontrando o suporte necessário em seu companheiro e em sua família, mas também é um momento de recapitulação de sua vida, sobretudo, com relação aos seus pais e o lugar que ocupou para eles.

A responsabilidade, o como lidar e o medo de não conseguir ser uma boa mãe são fantasmas que rondam o imaginário das grávidas. No entanto, dizemos: errar faz parte do aprendizado e o instinto maternal é a seiva que faz eclodir o amor, fazendo com que essa mulher que um dia era apenas filha passe a ser uma boa mãe. Ser uma boa mãe não significa acertar em tudo, mas significa simplesmente ser uma boa mãe.

* Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo, pós-graduado em intervenções clínicas em psicanálise e graduando do 8º período de psicologia.


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