Fonte: http://saude.culturamix.com/noticias/impactos-do-consumo-de-alcool-na-gestacao
Por Jorge Roberto Fragoso Lins*
O uso de
bebidas alcoólicas durante a gestação será bastante nocivo para a mãe e o bebê,
não existindo uma dosagem mínima pré-estabelecida que possa ser permitida que
não acarrete danos para o desenvolvimento do feto. O álcool é uma substância
com livre acesso a placenta e, consequentemente, ao feto. O fígado do feto que
está em plena formação irá metabolizar o álcool duas vezes mais lento do que o
fígado da gestante, significando que o álcool ficará por mais tempo no frágil
organismo do feto. Os danos ao feto e a própria gestação que poderá ser interrompida
por um aborto espontâneo ou mesmo por um trabalho de parto prematuro são riscos
bem presentes. Quanto à incidência de abortos espontâneos os números quase
dobram quando a gestante consome álcool.
Os danos causados no feto a depender da fase gestacional e da dosagem que
é ingerida de álcool são diversos que poderão advir desde problemas hepáticos,
neurológicos com retardo mental, problemas de coordenação motora, atraso no
crescimento e problemas de comportamento. A insistência por parte da gestante em
consumir bebida alcoólica poderá acarretar na síndrome do alcoolismo fetal. Segundo
a Organização Mundial da Saúde, estima-se que no mundo 12 mil bebês nasçam a
cada ano com a síndrome, ou seja, 2,2 de cada mil nascimentos vivos.
A
síndrome do alcoolismo fetal é irreversível, sendo o ônus que o indivíduo pagará
para o resto de sua vida. A síndrome é a consequência do consumo de álcool
durante a gravidez. Ela é caracterizada pelo retardo no crescimento
intra-uterino, retardo do desenvolvimento neuropsicomotor e intelectual,
distúrbios do comportamento (irritabilidade e hiperatividade durante a
infância), diminuição do tamanho do crânio (microcefalia), malformações da face
como nariz curto, lábio superior fino e mandíbula pequena, pés tortos,
malformações cardíacas, maior sensibilidade a infecções e maior taxa de
mortalidade neonatal.
Poderá acontecer
que o bebê ao nascer não apresente nenhuma característica da síndrome, como por
exemplo, algum defeito físico, e que alguns sintomas não sejam claramente observados
até que a criança complete 3 a 4 anos de idade. O peso de um bebê que foi
exposto ao álcool é de aproximadamente 2 quilos no momento de seu nascimento. Já
o bebê que não foi exposto e é saudável em média nasce com 3, 5 quilos. Com o
desenvolvimento da criança outros prejuízos vão sendo observados como memória
fraca, falta de concentração, raciocínio fraco e incapacidade de aprender com a
experiência. Não necessariamente essa ou aquela exposição do feto ao álcool assinalará
cem por cento de chance de contrair a síndrome ou qualquer tipo de prejuízo,
mas por outro lado como já dissemos não existe também níveis seguros de consumo
que garanta a isenção.
Na
maioria dos bebês que foi prejudicado antes de seu nascimento poderá não ocorrer
às anomalias faciais e a deficiência do crescimento próprias da síndrome. No
entanto, os fetos que foram expostos ao álcool portam danos cerebrais significativos
ou mesmo comprometimentos que se assemelham aos da síndrome. A evitação ao
consumo não deve se restringir apenas na gestação, mas durante todo o período
de amamentação, isso porque o álcool pode passar para o bebê através do leite
materno. É comum ouvir por parte de algumas mulheres que um simples drinque não
faz nenhum mal. Um grande engano pensar de tal maneira. O álcool logo que é
ingerido segue rapidamente para a corrente sanguínea da mãe, atuando sobre a
criança logo após 10 minutos. Isso representa que o álcool consumido pela mãe
lactante será ingerido pelo bebê.
A
presença do álcool na gestação poderá ter como causa o impacto que muitas
mulheres sofrem de estarem grávidas e gerando uma vida. Algumas mulheres são
pegas de surpresa com a gravidez não estando preparadas emocionalmente e nem
tampouco psicologicamente para assumir esse lugar de mãe. Muitas ainda vivem os
mimos da mãe e do pai e a gravidez representa uma realidade extremamente nova e
porque não dizer assustadora. A gravidez resulta para a mulher não apenas em um
momento novo e delicado que ela irá aprender a lidar da melhor forma possível,
encontrando o suporte necessário em seu companheiro e em sua família, mas
também é um momento de recapitulação de sua vida, sobretudo, com relação aos
seus pais e o lugar que ocupou para eles.
A
responsabilidade, o como lidar e o medo de não conseguir ser uma boa mãe são
fantasmas que rondam o imaginário das grávidas. No entanto, dizemos: errar faz
parte do aprendizado e o instinto maternal é a seiva que faz eclodir o amor, fazendo
com que essa mulher que um dia era apenas filha passe a ser uma boa mãe. Ser
uma boa mãe não significa acertar em tudo, mas significa simplesmente ser uma
boa mãe.
* Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo, pós-graduado em intervenções
clínicas em psicanálise e graduando do 8º período de psicologia.
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