sábado, 10 de agosto de 2013

O FETO E A VIDA INTRA-UTERINA


* Por Jorge Roberto Fragoso Lins

O feto no período de tempo em que permanece no útero materno desenvolve várias atividades, demonstrando claramente que mesmo antes de nascer já possui vigor para realizar algumas ações. O feto realiza ações como a de chutar, virar-se, flexionar o corpo, movimentar os olhos, cerrar os punhos, soluça, suga os polegares entre outras.  Isso é possível devido às membranas flexíveis das paredes uterinas e do saco amniótico, as quais envolvem o anteparo protetor do líquido amniótico. Com isso, permitem e até mesmo estimulam movimentos limitados. Foi observado em  estudo que os fetos reagem ao estresse da gravidez da mãe, existindo uma co-ligação dessa resposta a uma variação do ritmo cardíaco do feto que pode apresentar ritmos cardíacos mais lentos, porém mais variáveis. No entanto a partir de seu crescimento os movimentos vão ficando mais restritos devido à diminuição do espaço. Entre a 28ª e a 32ª semanas acontecerá um grande e significativo salto em todos os aspectos do desenvolvimento fetal.

Provavelmente muitas pessoas acreditam que exista um comportamento padrão para todos os fetos, mas isso não condiz com a realidade. Movimentos e nível de atividade dos fetos são diferentes, mostrando diferenças individuais bem claras com ritmos cardíacos que variam em regularidade e velocidade. Os fetos masculinos são mais ativos e tendem a se movimentar com mais vigor do que os femininos ao longo de toda a gestação, independentemente de tamanho. A isto, podemos considerar que a tendência dos meninos serem mais ativos do que as meninas poderia ter uma causa inata.  

Aproximadamente por volta da 12ª semana de gestação, o feto engole e inala parte do líquido amniótico em que ele flutua. O líquido amniótico possui substâncias que atravessaram a placenta que vieram da corrente sanguínea da mãe e entram na corrente sanguínea do feto. Talvez seja através do compartilhamento dessas substâncias que se estimulem os sentidos do paladar e do olfato, que começam a surgir no feto, contribuindo também, provavelmente, para o desenvolvimento de órgãos necessários para a respiração e para digestão. Antes mesmo do nascimento o feto já possui o sistema olfativo que controla o sentido do olfato bem desenvolvido.

Outro aspecto da atividade do feto e que se mostra assim quando a criança nasce é o de parecer lembrar-se de sons, músicas e, sobretudo, da voz de sua mãe. Uma experiência realizada com bebês de três meses de vida apresentou o seguinte quadro: os bebês que ao chuparem as chupetas uma gravação era acionada com uma história que as mães haviam lido em voz alta durante os últimos seis meses de gravidez, sugaram mais as chupetas do que os bebês que as mães não haviam recitado nenhuma história antes do nascimento. Um experimento similar foi realizado com bebês recém-nascidos de dois a quatro dias e assinalou uma preferência para sequências musicais e verbais ouvidas antes do nascimento. Eles também preferem a voz materna à de outras mulheres, vozes femininas a masculinas e a língua natal da mãe à outra. A constatação da preferência do feto à voz da mãe foi fundamentada ao descobrir que, quando a mãe lia uma história o ritmo cardíaco do feto logo aumentava e se fosse uma estranha que lesse o ritmo diminuiria.


* Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo, pós-graduado em intervenções clínicas em psicanálise e graduando do 8º período de psicologia. 

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