quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O RELACIONAMENTO DO OBJETO TRANSICIONAL COM O OBJETO INTERNO



* Por Jorge Roberto Fragoso Lins

O objeto transicional conduz o bebê para o mundo externo e, consequentemente, para o simbólico, promovendo uma nova etapa em seu desenvolvimento. No entanto, para que isso ocorra é necessário que exista uma boa relação do objeto interno e o objeto transicional. Dito de outra forma, o objeto transicional só estará presente na vida do bebê quando o objeto interno for vivo e o suficientemente bom – mãe suficientemente boa –. Mas o objeto interno depende para ter essas características da existência – esta mãe tem que está presente –, da vitalidade e do comportamento externo, ou seja, do seio, da figura da mãe e de seus cuidados e do ambiente de uma forma geral. 

Caso exista alguma falha em alguns desses pontos ou se não for o suficientemente bom para o bebê, segundo Klein, provocará no bebê um caráter persecutório do objeto interno.  Ocorrendo uma falha  prolongada do objeto externo fará com que o objeto interno venha perder o sentido para a criança e, consequentemente, o objeto transicional também. Um exemplo possível de acontecer é quando a mãe por qualquer choro da criança logo pensa que é fome e segue para amamentar o bebê. Esse choro pode ter uma motivação de outra ordem, por exemplo, de alguma cólica que ele esteja sentindo. O peito da mãe será associado ao mal-estar da cólica, criando consequências posteriores para a alimentação da criança. Klein nos diz que, o objeto transicional pode representar o seio ‘externo’, mas de modo indireto, pelo fato de representar um seio ‘interno’.

Segundo Freud (1856-1939), não existe qualquer possibilidade de que o bebê progrida do princípio do prazer para o princípio de realidade ou para além da identificação primária a não ser que exista uma mãe suficientemente boa. A mãe não é necessariamente a mãe biológica do bebê, mas quem ocupe e exerça essa função.

A mãe suficientemente boa é aquela que faz uma adaptação ativa às necessidades do bebê e que, gradualmente vai diminuindo de acordo com o desenvolvimento e capacitação do bebê de suportar as falhas na adaptação e por sua vez de tolerar algumas frustrações. 

O bebê vai lidar com as falhas da mãe por meio de algumas experiências vividas. Conforme Winnicott, através de experiências repetitivas de que a frustração tem um limite de tempo, salientando que no início esse limite dever bem curto; a memória, a revivescência, o devaneio, o sonho; a integração entre passado, presente e futuro.

No início da adaptação a mãe deve compreender que esta deve ser quase perfeita, como diz Winnicott, não sendo assim não será possível para o bebê começar a desenvolver a capacidade de fazer a liga com o mundo externo, ou seja, de se relacionar com a realidade externa.   

* Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo, pós-graduado em intervenções clínicas em psicanálise e graduando do 8º período de psicologia.


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