quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O SEXO NA GRAVIDEZ E AS ALTERAÇÕES ORGÂNICAS E PSÍQUICAS DA GESTANTE


* Por Jorge Roberto Fragoso Lins

            É natural durante o período gestacional que as futuras mães e pais fiquem receosos em se relacionar sexualmente e tragam questionamentos do tipo: existirá algum desconforto para ela? Com os movimentos corre o risco de machucar o bebê ou mesmo provocar algum dano para o desenvolvimento da gestação? Enfim, fazer sexo durante a gravidez faz bem ou mal? A preocupação e os cuidados do casal  aumentam quando já existe algum caso de aborto natural.

            O sexo sempre teve a sua parcela de importância na vida de um casal e não será agora que o casal está esperando um filho, melhor dizendo, grávidos, que deixará de ter. O desejo do homem em manter relações sexuais com sua mulher também levanta a autoestima dela, fazendo com que ela se sinta desejada como mulher, mesmo não se sentindo tão atraente naquele período, já que seu corpo passa por profundas modificações e seu organismo passa por grandes alterações  fisiológicas e bioquímicas, a se somar com as alterações psicológicas.

            É importante que o homem saiba que por volta do segundo trimestre da gravidez com o aumento das sensações incômodas, a libido da mulher pode cair e acontecer o desinteresse momentâneo pelo sexo. No entanto, isso não será um fator definitivo durante toda a gravidez. Como a região da vagina está extremamente sensível devido a uma maior vascularização da região, a libido da mulher poderá voltar ou ainda, poderá ser maior. Em outras palavras, seu apetite sexual estará aumentado. 

            No período gestacional é comum que na medida em que o feto for se desenvolvendo a mulher sinta dores nas costas, sendo mais fácil agachar-se do que se abaixar; os seios fiquem maiores, pesados e mais sensíveis ocasionando dor, um líquido transparente parecido com leite comece a sair dos mamilos; as fezes podem ficar mais duras dificultando a defecação, ou seja, prisão de ventre; devido às alterações hormonais é uma constância a existência de queixa de azia. Outras alterações seriam o inchaço em partes do corpo, câimbras nas pernas, estrias etc.

No aspecto psicológico, os primeiros três meses equivalem a um período de adaptação da mulher com sua gravidez, podendo ocorrer alterações significativas. A primeira pode ser a própria aceitação de estar grávida, pois pode se tratar de uma gravidez inesperada e, consequentemente, não planejada, e até mesmo uma gravidez indesejada. Outra alteração que surge no início da gestação diz respeito à ansiedade que a mulher apresenta em relação à própria gravidez, como por exemplo, o medo de ter alguma complicação na gestação que venha a perder a criança. Com o desenvolvimento da gravidez e o natural ganho de peso que provoca muitos incômodos, muitas gestantes ficam com o seu emocional abalado, provocando um sentimento de baixa autoestima. Com a aproximação e a chegada do bebê, surge a preocupação com o nascimento (parto) e a insegurança de assumir  a função de mãe. Salientando que, em todo o desenvolvimento gestacional tanto a mãe como o pai, provavelmente, estará revivendo sua fase edipiana, ou seja, revivendo seus laços e experiências vividas com seus pais e com sua família. Uma boa passagem pelo Édipo será extremamente importante para a constituição desses sujeitos como pais.

O desenvolvimento gestacional deve implicar numa decisiva e importante travessia para o casal, a mulher deixa de ocupar apenas o lugar de mulher e esposa para ocupar, também, a função de mãe; o homem deixa de ocupar apenas o lugar de homem e esposo para ocupar, também, a função de pai. Essa experiência deve acontecer no transcurso da gravidez, intensificando-se com o nascimento.  Crescem as responsabilidades e logo a insegurança e o medo de como exercer essas funções estarão presentes.  

Outros aspectos psicológicos poderão estar presentes na gravidez a depender da personalidade e historia de vida de cada gestante, mas concluiremos essa parte mencionando o homem, muito pouco comentado nesse artigo. O pai ou o futuro pai também enfrenta algum tipo de alteração emocional, o mais comum é o de se sentir abandonado durante a gravidez da mulher, já que muito de seu a libido e desejo se voltam para o futuro membro da família.  

Retornando o que já mencionamos no início de nosso texto, o sexo é importante na vida do casal e não deixaria de ser na gravidez, mas obviamente que o mesmo deverá ser feito com muito carinho e cuidados especiais. Conforme o útero da mulher for crescendo, o homem deverá posicioná-la confortavelmente sem compressão forte sobre o bebê, evitando, assim, qualquer sobrecarga além do próprio peso da gravidez. Evitar ao máximo que a coluna seja forçada durante a relação e a qualquer momento da gravidez. No entanto, o sexo não é recomendado quando estiver existindo sangramento ou risco de sangramento, ameaça de aborto ou de parto prematuro. Essas ameaças acontecem geralmente nos primeiros três meses de gravidez, mas o casal deve estar atento durante todo o período gestacional. Superadas as ameaças o sexo poderá acontecer, mas lembrando, todo o período gestacional deverá ser acompanhado de um médico.

* Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo, pós-graduado em intervenções clínicas em psicanálise e graduando do 8º período de psicologia.


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