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Por Jorge Roberto Fragoso Lins
É
natural durante o período gestacional que as futuras mães e pais fiquem
receosos em se relacionar sexualmente e tragam questionamentos do tipo:
existirá algum desconforto para ela? Com os movimentos corre o risco de
machucar o bebê ou mesmo provocar algum dano para o desenvolvimento da
gestação? Enfim, fazer sexo durante a gravidez faz bem ou mal? A preocupação e
os cuidados do casal aumentam quando já existe
algum caso de aborto natural.
O
sexo sempre teve a sua parcela de importância na vida de um casal e não será
agora que o casal está esperando um filho, melhor dizendo, grávidos, que
deixará de ter. O desejo do homem em manter relações sexuais com sua mulher
também levanta a autoestima dela, fazendo com que ela se sinta desejada como
mulher, mesmo não se sentindo tão atraente naquele período, já que seu corpo
passa por profundas modificações e seu organismo passa por grandes
alterações fisiológicas e bioquímicas, a
se somar com as alterações psicológicas.
É
importante que o homem saiba que por volta do segundo trimestre da gravidez com
o aumento das sensações incômodas, a libido da mulher pode cair e acontecer o
desinteresse momentâneo pelo sexo. No entanto, isso não será um fator
definitivo durante toda a gravidez. Como a região da vagina está extremamente
sensível devido a uma maior vascularização da região, a libido da mulher poderá
voltar ou ainda, poderá ser maior. Em outras palavras, seu apetite sexual
estará aumentado.
No
período gestacional é comum que na medida em que o feto for se desenvolvendo a
mulher sinta dores nas costas, sendo mais fácil agachar-se do que se abaixar;
os seios fiquem maiores, pesados e mais sensíveis ocasionando dor, um líquido
transparente parecido com leite comece a sair dos mamilos; as fezes podem ficar
mais duras dificultando a defecação, ou seja, prisão de ventre; devido às
alterações hormonais é uma constância a existência de queixa de azia. Outras
alterações seriam o inchaço em partes do corpo, câimbras nas pernas, estrias
etc.
No aspecto psicológico, os
primeiros três meses equivalem a um período de adaptação da mulher com sua gravidez,
podendo ocorrer alterações significativas. A primeira pode ser a própria
aceitação de estar grávida, pois pode se tratar de uma gravidez inesperada e,
consequentemente, não planejada, e até mesmo uma gravidez indesejada. Outra
alteração que surge no início da gestação diz respeito à ansiedade que a mulher
apresenta em relação à própria gravidez, como por exemplo, o medo de ter alguma
complicação na gestação que venha a perder a criança. Com o desenvolvimento da
gravidez e o natural ganho de peso que provoca muitos incômodos, muitas
gestantes ficam com o seu emocional abalado, provocando um sentimento de baixa
autoestima. Com a aproximação e a chegada do bebê, surge a preocupação com o
nascimento (parto) e a insegurança de assumir
a função de mãe. Salientando que, em todo o desenvolvimento gestacional
tanto a mãe como o pai, provavelmente, estará revivendo sua fase edipiana, ou
seja, revivendo seus laços e experiências vividas com seus pais e com sua família.
Uma boa passagem pelo Édipo será extremamente importante para a constituição
desses sujeitos como pais.
O desenvolvimento
gestacional deve implicar numa decisiva e importante travessia para o casal, a
mulher deixa de ocupar apenas o lugar de mulher e esposa para ocupar, também, a função de mãe; o homem
deixa de ocupar apenas o lugar de homem e esposo para ocupar, também, a função
de pai. Essa experiência deve acontecer no transcurso da gravidez,
intensificando-se com o nascimento. Crescem
as responsabilidades e logo a insegurança e o medo de como exercer essas
funções estarão presentes.
Outros aspectos psicológicos
poderão estar presentes na gravidez a depender da personalidade e historia de
vida de cada gestante, mas concluiremos essa parte mencionando o homem, muito
pouco comentado nesse artigo. O pai ou o futuro pai também enfrenta algum tipo
de alteração emocional, o mais comum é o de se sentir abandonado durante a
gravidez da mulher, já que muito de seu a libido e desejo se voltam para o
futuro membro da família.
Retornando o que já
mencionamos no início de nosso texto, o sexo é importante na vida do casal e
não deixaria de ser na gravidez, mas obviamente que o mesmo deverá ser feito
com muito carinho e cuidados especiais. Conforme o útero da mulher for
crescendo, o homem deverá posicioná-la confortavelmente sem compressão forte
sobre o bebê, evitando, assim, qualquer sobrecarga além do próprio peso da
gravidez. Evitar ao máximo que a coluna seja forçada durante a relação e a
qualquer momento da gravidez. No entanto, o sexo não é recomendado quando
estiver existindo sangramento ou risco de sangramento, ameaça de aborto ou de
parto prematuro. Essas ameaças acontecem geralmente nos primeiros três meses de
gravidez, mas o casal deve estar atento durante todo o período gestacional. Superadas
as ameaças o sexo poderá acontecer, mas lembrando, todo o período gestacional
deverá ser acompanhado de um médico.
* Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo, pós-graduado em
intervenções clínicas em psicanálise e graduando do 8º período de psicologia.
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