Foto/fonte: http://noticias.r7.com/saude/noticias/ate-2020-a-depressao-sera-a-doenca-mais-incapacitante-do-mundo-diz-oms-20100130.html
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Por Jorge Roberto Fragoso Lins
A depressão não é uma doença
dos dias de hoje, documentos antigos registram casos de distúrbios do humor
desde a antiguidade. No Antigo Testamento, encontramos a história da síndrome
depressiva do Rei Saul, a história do suicídio de Ajax, na Ilíada de Homero. Ao
redor do ano 30, Aulus Cornelius Celsus descreveu a melancolia em seu trabalho
“De re medicina” como uma depressão causada pela bílis negra. Já na idade
média, a Medicina permaneceu ativa nos países islâmicos e em "Rhazes",
Avicena, o médico judeu Maimonides considerava a melancolia como uma entidade
patológica discreta. Grandes artistas do passado também quiseram esboçar o que
achavam da melancolia. Em 1686, Bonet descreveu uma doença mental que chamou de
"maníaco-melancholicus". Jules Falret, em 1854, descreveu uma
condição chamada "folie circulaire", na qual o indivíduo
experimentava humores alternados de mania e depressão. Jules Baillarger
(psiquiatra) descreveu a condição "folie à double forme", na qual o
indivíduo tornava-se deprimido e ficava num estado de estupor do qual
eventualmente se recuperava. Em 1882, Karl Kahlbaum (psiquiatra) usou o termo
ciclotimia, descreveu a mania e depressão como estágios da mesma doença. Em
1896, Emil Kraepelin, descreveu o conceito de psicose maníaco-depressiva.
Como acabamos de ver, em uma
breve retrospectiva, não é de hoje que a depressão se faz presente entre os
Homens. Não é raro ouvirmos relatos de parentes, pessoas amigas ou, mais
próximas, dizerem que se encontram depressivos e sem motivação para a vida. A
depressão, já há algum tempo, inspira preocupação por parte da saúde pública
mundial, devido ao grande aumento dos casos. Dados da Organização Mundial de
Saúde (OMS) afirmam que a depressão está entre as principais causas que
contribuem para a incapacitação de uma pessoa e que, já atinge um alarmante
quadro de 121 milhões de pessoas ao redor do mundo. Infelizmente, pelo que
prevê a OMS, as projeções não são nada animadoras, e daqui para o ano de 2020,
a depressão será a segunda maior causa de incapacitação e perda da qualidade de
vida de um indivíduo, estando abaixo, apenas, das doenças cardiovasculares.
Atualmente, ela ocupa a quarta posição.
No Brasil, estima-se que
cerca de 17 milhões de pessoas tenham depressão, levantamento feito pelo
Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). No ano de 2008, de acordo com dados
do Ministério da Previdência Social, 91.551 trabalhadores foram afastados de
suas atividades profissionais por causa da depressão, sendo que, 5.989 estão afastados
do trabalho e a causa geradora da depressão, ligada ao próprio ofício, e 85.562
a causa não teria ligação direta com o trabalho exercido. Como já disse no início desse artigo, ouve-se muito dizer que “A” ou “B” está
com depressão; algumas, de fato, estão, mas outras, simplesmente encontram-se
tristes, e que este estado de humor é momentâneo e sem maiores consequências.
A depressão é um
rebaixamento do humor com um estado mental mórbido, apresentando uma série de
alterações do comportamento, do tipo: abatimento; afastamento do convívio
social; isolamento, passando o maior tempo do dia no quarto fechado e às
escuras; perda do interesse nas atividades que antes dava prazer, como as
atividades profissionais, acadêmicas e artísticas que praticava; perda de
interesse nas relações interpessoais; sentimento de culpa ou autodepreciação,
gerando, também, a baixa auto-estima; desesperança; falta de apetite; sono
alterado; dificuldade de concentração, fadiga corporal e sensação de fraqueza
geral e em alguns casos, desejo de morrer ou de tirar a própria vida. Vale aqui
ressaltar que, existem casos das depressões sazonais que ocorrem em particular
no período do inverno, mais conhecidos como Desordem Afetiva de Estação
(Seasonal Affective Disorder – S.A.D.).
A visão que o deprimido tem
do mundo será o espelho de seu estado de humor, portanto, a forma que o
indivíduo vê o mundo e a vida será completamente desesperançosa, sem brilho e
sem qualquer tipo de motivação sadia e renovadora.
Tipos
de depressão: Depressão maior; Depressão crônica (distimia); Depressão atípica;
Depressão pós-parto; Distúrbio afetivo sazonal (DAS), Tensão pré-menstrual
(TPM) e Pesar.
Depressão
Maior: São 5 (cinco) os sintomas que se apresentam nesse tipo
de depressão e que perduram, no mínimo, de duas semanas. São eles: desânimo na
maioria dos dias e na maior parte do dia (em adolescentes e crianças há um predomínio
da irritabilidade); falta de prazer nas atividades diárias; perda do apetite
e/ou diminuição do peso; distúrbios do sono — desde insônia até sono excessivo
— durante quase todo o dia; sensação de agitação ou languidez intensa; fadiga
constante; sentimento de culpa constante; dificuldade de concentração e idéias
recorrentes de suicídio ou morte.
Depressão
Crônica (distimia): Esse tipo de depressão também possui vários
sintomas presentes na depressão maior, porém com menos intensidade, entretanto,
tendo um período maior de tempo, pelo menos de 2 (dois) anos. É descrita como
uma leve tristeza que se estende silenciosamente na maioria das atividades da
pessoa. De uma forma geral, não acarreta distúrbios no apetite ou no desejo sexual,
mania, agitação ou comportamento sedentário. A proporção de casos de suicídios
neste tipo de depressão é a mesma dos deprimidos graves. Provavelmente devido à
duração dos sintomas, os pacientes com depressão crônica não apresentam grandes
alterações no humor ou nas atividades diárias, apesar de se sentirem mais
desanimados e desesperançosos, e serem também mais pessimistas. Os pacientes
crônicos podem sofrer episódios de depressão maior, tipo já descrito
anteriormente, criando, assim, um quadro de depressão dupla.
Depressão
Atípica: Este tipo faz com que as pessoas comam muito, durmam
muito e sintam-se enfadadas, apresentando, ainda, um forte sentimento de
rejeição.
Depressão
pós-parto: Como o próprio nome já está dizendo, surge após o parto,
provavelmente deve-se a perturbações e alterações do foro emocional e/ou
hormonal da mulher, uma vez que o corpo sofre demasiadas alterações com o
nascimento da criança. É verificado, também, nesses casos, desconfortos e
sensações de dores nas costas, que podem agravar o estado emocional e hormonal
da mulher. Como nos casos de partos naturais a bacia sofre alterações para o
nascimento da criança, como a nível da coluna, atribui-se a esse particular uma
das origens da depressão pós-parto, a causa física.
Distúrbio
afetivo sazonal (DAS): Este tipo caracteriza-se por episódios
anuais de depressão, ocorrendo mais durante o outono ou o inverno, podendo
desaparecer na primavera ou no verão, quando então tendem a apresentar uma fase
maníaca. Incluem sintomas como fadiga, tendência a comer muito doce e dormir
demais no inverno, mas uma minoria come menos do que o costume e sofre de
insônia.
Tensão
pré-menstrual (TPM): Nesse período em que se encontra a mulher, é
verificada uma depressão acentuada, acompanhada de uma grande irritabilidade e
tensão antes da menstruação, afetando entre 3% e 8% das mulheres em idade
fértil. O diagnóstico baseia-se na presença de, pelo menos, 5 dos sintomas
descritos no quadro da depressão maior na maioria dos ciclos menstruais,
ocorrendo uma piora dos sintomas uma semana antes da chegada do fluxo
menstrual, melhorando logo após a passagem da menstruação.
Pesar: O
pesar, também conhecido como reação de luto, não é propriamente dito um tipo de
depressão, mas possuem muito em comum. O pesar, em sua significação, é uma
resposta emocional saudável e importante, quando se lida com perdas.
Normalmente, possui um período agudo que, com o tempo, vai cedendo. Nas pessoas
sem outros distúrbios emocionais, o sentimento de aflição dura entre três e
seis meses. A pessoa passa por uma sucessão de emoções que incluem choque e
negação, solidão, desespero, alienação social e raiva. O período de recuperação
consome outros 3 a 6 meses. Após esse tempo, se o sentimento de pesar ainda é
muito intenso, ele pode afetar a saúde da pessoa ou predispô-la ao
desenvolvimento de uma depressão propriamente dita.
Depressão
Secundária a Doenças Orgânicas: acidente vascular cerebral
("Derrame"), tumor cerebral, doenças da tireóide, etc.
Depressão
Endógena: por deficiência de neurotransmissores. Exs.: depressão
do velho, depressão familiar e psicose maníaco-depressiva.
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Jorge Roberto Fragoso Lins é sociólogo,
pós-graduado em intervenções clínicas em psicanálise e graduando do 8º período
de psicologia.
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